Vinicius Expedito
Avenida Sant' Anna, 53, Jequeri-MG
24/12/2010
03/12/2010
31/10/2010
25/08/2010
18/08/2010
10/08/2010
05/08/2010
QUANTIDADE NÃO É DOCUMENTO!
As universidades públicas em específico passam por um período de deterioração da maior gravidade. Foram montadas em sua maior parte durante a ditadura militar, com um intuito primário de aumentar a fração da sociedade com acesso ao ensino superior. O seu poder de enriquecer uma comunidade, seja a família ou a nação, será imensurável se bem funcionarem. Formando profissionais com boa qualificação e pobre cidadania, pecarão por não exercer uma importante face de seu poder educacional. Se, além de não nos fazerem cidadãos, oferecerem instrução técnica de baixa qualidade, tomam-se deletérias à sociedade.
As escolas médicas têm um grande potencial de bem educar. Sofreram, porém, com o processo mal planejado que garantiria um número maior de profissionais de educação superior. O inchaço de vagas que ocorreu na década de 1960 se sustentou numa estrutura educacional proporcionalmente pequena e frágil, que poderia perecer cedo ou tarde. Os currículos se lotaram de disciplinas pouco úteis, criadas para preencher horários de alunos e professores. Indivíduos sem qualificação suficiente foram improvisados para lecionar e instruir. Um ciclo vicioso perigoso se instalou.
A Faculdade de Medicina da UFMG não ficou de fora. lnflou-se. Não criou uma estrutura educacional forte que pudesse se atualizar e comportar seus 320 alunos por ano. Não tem atualmente um movimento ativo de discussão. Tem, ao contrário, um movimento estudantil frouxo, débil e pouco reinvindicatório e uma classe docente resignada.
Inevitavelmente, os defeitos de funcionamento passam desapercebidos. O poder deletério dos profissionais formados nesse contexto não deve ser ignorado.
Que outro fator, aliás, tem capacidade de destruição maior do que a formação de maus profissionais médicos? Nenhum, talvez, considerada a notável influência desses indivíduos na sociedade. Discutirão defeitos sociais se bem formados. Terão uma grande energia destruidora se forem incapazes.
O processo de deterioração tem se agravado por má assistência governamental. Um choque neoliberal vil tem deixado grandes escolas e instituições à deriva. Presídios e hospitais são nítidos exemplos de que a tentativa de atingir um número maior de pessoas sem planejamento quase nunca funciona. Incham e padecem, apesar da crescente demanda por saúde e recuperação de criminosos.
Tudo deveria estar sendo avaliado. Bem avaliado. O Exame Nacional de Cursos -"Provão" - sabidamente não é completo. Também não deve ser desprezado. Um penoso "B para "uma das maiores do país" não pode ser ignorado. Pode, sim, ser um sério indício diagnóstico. Trezentos e vinte novos médicos por ano sem garantia de boa qualificação podem deteriorar a sociedade. Quantidade não é documento.
Melanie Klein. O sentimento de solidão,1975. p.28
Resumo: Pensa-se no mundo adulto como realidade feita pelas responsabilidades de lugares sociais inflexíveis. Porém, sentimentos de solidão e de melancolia podem funcionar como indicativos de qualidades da infância que ressurgem e redimensionam as subjetividades maduras. Princípio do prazer e princípio da realidade entrecruzam-se, pois, sem que a espontaneidade e o caráter proteiforme da criança desapareçam na identidade adulta.
Palavras-chave: infância; mundo adulto; melancolia
Gaston Bachelard, em seu ensaio Os devaneios voltados para a infância, fala-nos que permanece um núcleo de infância na alma humana, “uma infância imóvel, mas sempre viva, fora da história, oculta para os outros, disfarçada em história quando a contamos, mas que só tem um ser real nos seus instantes de iluminação” (1988, p. 94). Assim, acontecimentos e valores, que emolduram nosso presente de pessoas adultas, manteriam contato com aquela fase na qual podíamos assumir variadas facetas comportamentais, antes dos fragmentos existenciais serem forçados a ficar coesos e exclusivos em torno de uma forma singular, que pensamos ser nossa pessoalidade única.
No correr da vida adulta, ficamos no dever de manter e assegurar um núcleo duro de subjetividade, que atue de modo esperado e produtivo pelas relações consensuais de nosso meio social. No entanto, de vez em quando, somos tomados por um sentimento de solidão e de inoperância, traduzidos por um estado de melancolia, diante dos empreendimentos esperados e, inconscientemente, voltamos aos primeiros movimentos de relações dos nossos romances familiares, nos quais as características infantis dominavam nossos impulsos e faziam frente às necessidades de enquadramento no mundo adulto.
No romance familiar, podemos acompanhar como foram nossas primeiras relações com os adultos a nossa volta. Essa fase contém relações comportamentais correspondentes ao que Freud (1996) denominou por Complexo de Édipo.1 Nela, a criança aprenderia a conter seus instintos, emoções e desejos ambíguos e anti-sociais e enquadrar-se-ia nos parâmetros de fatos, pessoas e autoridades exemplares a sua volta. A partir da contensão de desejos, outrora multidirecionados, a imagem do Ego equilibrado seria o farol que direcionaria o sujeito por toda sua vida. O afastamento de si mesmo, como única fonte de prazer; o afastamento da mãe, como objeto de gozo; a identificação em relação ao pai, no caso do menino, como fonte de procedimento institucional, são os componentes para o imaginário configurar o Ego em corpo e pessoalidade individuais, como Lacan (1994, p. 68) fala-nos sobre o estágio do espelho.
A ilusão da imagem constituída pelo estágio do espelho está, de certa forma, no nível do complexo de Édipo resolvido no período da infância. Ou seja, a natural ambigüidade afetiva daria espaço para toda uma afetividade com investimentos sentimentais e intelectuais exclusivos e permitidos. Os instintos agressivos e narcisistas, segundo a ótica do Complexo de Édipo realizado com sucesso, são recalcados e o amor e gratidão, para com os adultos próximos e suas instituições, são fortalecidos.
Por que, então, o adulto retorna, de modo usual, ao complexo universo infantil quando o sentimento de melancolia surge e compromete sua funcionalidade como sujeito maduro? Melanie Klein (1996), em seus estudos sobre a psique infantil, conta-nos que o sentimento de melancolia, de solidão e de insuficiência demonstram os embates entre o princípio da realidade e o princípio do prazer que ainda vigoram no adulto.2 Uma espécie de movimento contínuo desse embate faz com o que adulto retorne ao período infantil, no qual a identificação com os valores positivos, consolidaria o Ego à sombra do Superego e subordinaria as ações do Id ao senso de realidade. Repetir-se-ia, pois, o estágio de acomodação psíquica que descortinaria o amadurecimento pessoal.
Tal quadro dar-se-ia dessa forma, se o processo de exclusividade egóica realmente aplacasse o caráter proteiforme da personalidade humana. Porém, parece que é a um estágio de descompressão de realidade que o adulto melancólico pretende chegar, quando a partir da melancolia e solidão de sua maturidade, faz a volta à infância. Na esteira do pensamento pós-freudiano, podemos acompanhar como os sacrifícios para apaziguar as diretrizes de um Superego voraz não dão cabo das fantasias, afecções e movimentos em livre expansão, típicos do universo infantil e que também podem ter utilidade no mundo adulto.
Deleuze e Guattari (1966), seguindo as aberturas dadas à constituição do sujeito pelo lacanismo, que supera o estágio de integralização da miragem egóica especular, escreverão seu anti-Édipo, contrariando a interdição parental que o Édipo freudiano elaboraria para introduzir a criança nos meandros da civilização. Para esses filósofos neo-freudianos, a subjetividade madura teria sua compleição semelhante àquela infantil. Compreendendo por infância o período que não cessaria em uma determinada idade e, sim, continuaria com sua maleabilidade constitutiva e funcional por toda a vida do sujeito.
A constituição da subjetividade dar-se-ia, via sínteses conjuntivas inclusivas (DELEUZE e GUATTARI, 1966, p. 80), e não como a visão positivista de formação postula, via síntese conjuntiva exclusiva. Esta segunda modalidade implicaria no fato de o sujeito tornar-se uma subjetividade única, individual; ou seja, um repertório fechado de comportamentos e afecções, garantido por previsíveis identificações, controladas institucionalmente, com outros sujeitos. O menino identificar-se-ia com o pai e a menina, por sua vez, com a mãe, e seus afetos seriam ordenados e canalizados para ações sublimadas que assegurariam a continuidade de estruturas civilizatórias, como a ciência, a religião e a arte.
Quanto à constituição de síntese inclusiva da personalidade, teríamos, segundo Deleuze e Guattari, a personalidade disposta em
[S]ingularidades vindas de todos os lados [que entram no fluxo da subjetividade multiforme], agentes de produção evanescentes. É a disjunção livre; as posições diferenciais subsistem e até adquirem um valor livre, mas estão todas ocupadas por um sujeito sem rosto e transposicional. (1966, p. 80-81).
Poderíamos, pois, perceber a melancolia do adulto, e a conseqüente evasão espaço-temporal para a infância, como sinais de um redimensionamento de nossas crenças quanto à fixidez de um quadro de evolução. A melancolia, sensação de perda de algo que não se sabe ao certo o que é, indicaria um ponto de convívio natural entre princípio do real e princípio do prazer. A criança não estaria inativa em algum recôndito secreto do adulto e, sim, estaria agindo plenamente no adulto, possibilitando o livre curso de fantasias e ambigüidades afetivas que são necessárias para sua real compleição de sujeito transposicional.
A criança viva, que não pode ser morta sem gerar o colapso final da psique, recoloca o sujeito adulto no limiar de variadas escolhas que não trarão um produto final, como seria aquele da fase de maturidade pessoal definitiva. Assim, um entrecruzar de infantilidade e de comportamento adulto seria o campo de respostas para o sinal de alerta que, por vezes, soa no adulto envolto pela melancolia e pelo sentimento de solidão.
O sentimento de melancolia e de solidão do adulto, mais do que Klein nos indica ser, aponta para algo mais complexo do que subjetividades adultas culpadas, que estão em processo de reparação de objetos amados que são maculados e feridos no decorrer de suas vidas. Melancolia e solidão aproximam-se, ao contrário, de estados positivos que indicam ao adulto que há um excesso de peso, sobreposições demasiadas sobre o campo libertário, tão próprio do que seria a infância plena e distante dos protocolos culturais instaurados pelo regime de culpa, que ocasionam a ordem e diminuem a espontaneidade e a possibilidade do sujeito testar, em sua pele, subjetividades variadas e emoções diversificadas.
Tal como Bachelard nos orienta, melancolia, solidão e devaneios formam condições nas quais podemos ver novamente o clarão da eternidade baixando sobre a beleza do mundo. O mundo da infância, liberto no mundo do adulto que passa a ser enriquecido por contradições, ambigüidades, vontades de ações ilimitadas e, até mesmo, fantasias de onipotência criativa.
Nesse contexto de desligamento, que o estado de infância possibilita no mundo adulto, não teríamos a necessidade de reunir, sob uma série de coerções, todos os nomes e pessoas inventados e vivenciados, em nosso fórum íntimo, em uma unidade positivista de personalidade previsível. O controle de algum rei, célere em nos avisar que a hora de diversão, peraltices e prazeres autotélicos acabou, atenuaria-se, e a criança poderia andar de mãos dadas com o adulto.
Autor
1 Doutor em Literatura Brasileira e Docente da Faculdade de Letras da UFG.
Notas
1 Os textos, em que melhor tal complexo pode ser compreendido, bem como a questão do luto e da melacolia e do romance familiar, são: Romances Familiares (1996), texto quase programático de exposição da dinâmica do Édipo no plano ontogenético; Totem e tabu (1996), texto metapsicológico em que se aborda o complexo sob forma ontogenética e filogenética; O mal estar da civilização (1996), outro texto metapsicológico no qual discute-se os sacrifícios que o princípio do prazer, reprimido e/ou sublimado pela equilibração edipiana, faz em prol do princípio de realidade; bem como em Moisés e o monoteísmo (1996), texto também metapsicológico, no qual Freud afirma a necessidade da abdicação da satisfação dos instintos para a consolidação da civilização, mesmo que o preço disso seja uma irremediável ativação repressiva sobre o material reprimido.
2 Klein diverge de Freud por analisar o complexo de Édipo já na primeira infância. Para Freud, esse processo de identificação só se estabelece quando há ação simbólica de elementos coercitivos advindos do Superego, o que ocorreria no fim da primeira infância e no fim da segunda infância, situação na qual o erotismo primário é direcionado para os mecanismos de sublimação.
Referências Bibliográficas
BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio. Trad. Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia. Trad. de Joana Moares Varela e Manuel Carrilho. Lisboa: Assírio & Alvim, 1966.
FREUD, Sigmund. Totem e tabu e outros trabalhos. Vol. XIII das Obras completas. Trad. de Órizon Carneiro Muniz. Rio de janeiro: Imago, 1996.
KLEIN, Melanie. O sentimento de solidão: nosso mundo adulto e outros ensaios. Trad. de Paulo Dias Corrêa. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
_______. Amor, culpa e reparação e outros trabalho (1921-1945). Trad. de André Cardoso. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
LACAN, Jacques. Escritos 1. 17a. ed., trad. de Tomás Segovia. México: Siglo Veintiuno Editores, 1994.
02/08/2010
27/07/2010
Conversa
O Sol também no céu, a se mexer, a te querer, sem poder de lá se libertar.
Tal como eu: preso padeço da dor que me pune a te esperar!
Estaco-me na condição de viver sem ti. Com vontade de te amar.
Meus braços te tocam, sem sentir o calor do teu corpo exalar.
E me caem, braços frágeis, ao remir.
E a mente que outrora se alegrava, notei que agora em ti pensava,
sem, contudo, de ti poder falar.
(Vinicius Expedito, 1995)
Dormindo em serviço, hein, Ednaldo!!!
E no histórico e famoso Bar do Seu Zico!
Onde se come a melhor comida de BH!
Eu, hein???
Olavo Bilac
In extremis
Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia
Assim! De um sol assim!
Tu, desgrenhada e fria,
Fria! Postos nos meus os teus olhos molhados,
E apertando nos teus os meus dedos gelados...
E um dia assim! De um sol assim! E assim a esfera
Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento
Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo...
E, aqui dentro, o silêncio... E este espanto! E este medo!
Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,
A arredar-me de ti, cada vez mais a morte...
Eu com o frio a crescer no coração, — tão cheio
De ti, até no horror do verdadeiro anseio!
Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
A boca que beijava a tua boca ardente,
A boca que foi tua!
E eu morrendo! E eu morrendo,
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! A delícia da vida!
25/07/2010
Só pra lembrar nossa história...
Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.
E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.
17/07/2010
Entre Jequeri e Viçosa, ora bolas
Quase nunca necessitei dela, mas muito necessitei nas intermináveis ligações para aquele lugarejo onde ela morava, sentado na escada na casa de titia, adorando o quentinho e pensando se deveria ficar lá ou sair.O certo, ao certo, foi que as ligações continuaram durante aqueles foi conspíquo o período em que morei na perececa.
O certo, se se sabe o certo, é que o caminho Viçosa-Jequeri, Jequeri-Viçosa por centenas de vezes se fez. Eu com aquela mochilinha cheia de roupa para mamãe lavar, seguindo de carona ou ônibus, de certo, esperto. Eu para lá, mamãe, para cá. Decerto espertos.
De onde pra onde?
Ninguém sabe ao certo.
Incerto, o certo – se se sabe o certo – é que decerto, o caminho é incerto.
Né certo?
No Coluni estudei minhas segundas letras, mas as terceiras e as quartas letras eu aprendi fora do Coluni mesmo, especial e carinhosamente guardadas no meu coração as terceiras letras que aprendi no truco e na sinuca do DCE e as quartas letras que todos aprendem no Bar do Leão.
O certo, se se sabe certo, é que, esperto, poupei letras ao estudar as matérias respectivamente, sabe-se certo, no DCE e no Leão. O certo mais certo, é que, que e quês ensinava a professora Marly inquestionável e carinhosamente bem – e quês e porquês da última flor do Lácio também, inculta, é certo. Continuam-se estudandos esses quês e praquês desses lá. Né certo?
A volta do poeta
que poemas novos foste buscar?
Que buscas incertas foste empreender por amor?
Que amores fortes foste encontrar?
Amor,
que novos poetas foste encantar?
Que encantos aos mares foste levar?
Que levantes, em si, foste engendrar?
Minha preferida poesia
Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.
Carlos Drummond de Andrade
Ora bolas, ora carolas...
Vozes me fizeram acreditar no seguinte:
Não concordo com o termo doença mental, e diria que meus motivos são vários e variados, práticos e filosóficos.
Venhamos ao caso, estimulemos as discussões. Viajemos:
Desde o passado, nunca foi possível formular um conceito de doença psiquiátrica que satisfizesse a gregos e troianos. Isso tanto parece verdade, que tão recentemente quanto cem anos atrás, não era possível fazer clara distinção entre os neurologistas e os psicologistas. Para dizer melhor, todos se imaginavam neurologistas e, consequentemente, biologicistas. Ao se imiscuírem no estudo da anatomia, histologia e outras moléculas mais que pudessem compor o cérebro e o sistema nervoso, muitos cientistas provavelmente se frustraram ao se depararem com a insomne realidade de que a doença da psique não era detectável nos cérebros formolizados. Vale lembrar que Freud, Breuer e outros nomes mais, foram, em primeira instância, professores de fisiologia.
Ora bolas, ora carolas, tadinhos de nós. Cem anos, milhardões de artigos, livros, teses e outras ruminações depois, não me atreveria dizer que não caminhamos, tampouco que estamos na estaca zero. Mas afirmaria com tenaz alegria que pouco mais conhecemos da psiquiatria do que todos os que nos precederam e ensinaram.
“Coitado do Vinícius, pirou de vez, vamos ajudá-lo.” Diriam todos.
E eu aceitaria a minha internação voluntária no Raul, depois de dizer o que disse, não fossem minhas severas - quiçá ininfluenciáveis – convicções.
Ora bolas, ora carolas, voltemos ao caso, estimulemos as divagações:
É possível afirmar que um ser humano tem uma doença mental, num contexto em que não conhecemos sua causa, não conseguimos prever seu curso e sua evolução, usamos medicamentos meramente sintomáticos e não temos poderes para evitá-la? E mais, para diagnosticá-la, usamos manuais de psiquiatria em que “critério” é o termo mais freqüente, a palavra-chave. Como que para marcar X: cinco xizes: esquizofrênico; três: delirante; um: transtorno de personalidade. Ao invés disso, deveríamos estar lendo nos tratados de psiquiatria: “Esquizofrenia: lesão reversível dos núcleos da base do cérebro provocada por excesso de produção de 2-oxi-3-butiro-tironina, ocasionada por uma mutação no gen fulano de tal. A cura é obtida com algumas semanas de uso de... “
Ora bolas, ora carolas, saiamos do caso, livremo-nos das divagações.
“Levem o Vinícius no Raul! Tomem a chave dele!” .
04/05/2010
FW: A Taça é só um Detalhe
- Ahrr, tá feliz porque ganhou Campeonato Mineiro? Vale nada. Vaga na Copa do Brasil é nada. – insultou, hoje pela manhã, o porteiro do prédio onde trabalho.
Pois é, seu moço, mas entenda o seguinte: hoje a festa é nossa, o abraço é nosso e é nossa a alegria. Toda nossa.
Semana passada minha irmã comentava como deve ser frustrante viver a vida em função de um único campeonato. Tudo na vida do time azulado, o terceiro de Minas Gerais, é esperar pela final da Taça Libertadores. É o único jogo que realmente mexe com eles, é só assim que eles lotam o estádio.
Não que isso seja pouco. Veja bem, não quero desdenhar de algo que é também um sonho para a massa alvinegra. O que quero dizer é que a vida não se resume a isso.
O Galo não joga o Mineiro pensando na vaga para a Copa do Brasil, para depois jogar a Copa do Brasil pensando somente na vaga para a Libertadores. Nós jogamos é jogo a jogo, nós vibramos é de dia em dia.
Se fosse de outra forma, seríamos como aquela mãe que cria a filha só para esperar o dia do casamento. Ou o aluno que passa a adolescência só esperando o dia do vestibular. E depois os anos de faculdade só para esperar a formatura. Viver assim é muito sem graça!!!
O dia do casamento é importante, sim, mas não anula as alegrias da paquera e do namoro, nem a importância pedagógica dos erros e desencontros. A formatura traz grande alegria, isso é óbvio, mas não apaga a convivência e as festas da faculdade. Libertadores é um título importante (e só não ganhamos em 1981 porque fomos vergonhosamente garfados), mas não é em função dele que vivemos.
A torcida do Atlético Mineiro, glorioso alvinegro das alterosas, entendeu há muito tempo que todo jogo é importante. Comemoramos, sim, o quadragésimo título estadual, mas a taça é um detalhe.
O que marcará para sempre as nossas vidas é ter visto um ídolo como o Marques marcar o gol do título, e termos chorado com ele em uma comemoração que emocionou o país e estará para sempre tatuada em nossas retinas.
Nossa alegria maior, repito, não é a taça. A taça é só um símbolo, lembrança do que vivemos. Nosso grande prêmio foi ter estado entre 60 mil torcedores (e outros milhões que acompanharam pela TV, internet ou rádio) fazendo uma festa tão bonita como há muito tempo não se via nas Minas Gerais.
Alegria é ver os jogadores satisfeitos por vestirem nosso manto, sem flertarem com outras torcidas. É ver um técnico vencedor como o Luxemburgo comemorar um título regional como se fosse um menino, e é ver um respeitado comentarista de nível nacional dizer que há muito tempo não se via o Luxa tão animado, tão feliz trabalhando em um clube.
Para cada um dos milhões de atleticanos espalhados pelo Brasil e pelo mundo, todos os jogos do Campeonato Mineiro foram importantes. Os gritos apaixonados de gol foram se transformando, um a um, no ouro puro que fez a taça.
Se todas as torcidas aprendessem com a nossa, poderiam entender porque celebramos o Campeonato Mineiro como se fosse um mundial. É que nós escolhemos comemorar cada gol como se fosse o mais bonito, cada vitória como se fosse a primeira, cada conquista como se fosse a mais importante.
Sabemos que é muito bom chegar ao local de destino. Mas sabemos que melhor ainda é ter olhos para a beleza da estrada pela qual escolhemos caminhar.
E nisso, que nos desculpem os demais, a massa Atleticana é mestre. É suprema campeã mundial!
Parabéns, Galo, senhor das alterosas!
02/05/2010
21/04/2010
19/04/2010
FW: Virgulismos e talvezes com lirismos comedidos
Subject: Virgulismos e talvezes com lirismos comedidos
From: "Vinicius Expedito Martins" <viniciusexpeditomartins@gmail.com>
Date: 19/04/2010 14:35
Bom, mamae,
a coisa complicou ou vai descomplicar de vez... Vc continua escrevendo o meu, o de papai e o nome de Vinicius de Morais errado. Eu hein!?
Eh o seguinte: papai chama papai, cadique^ a mamae dele quis homenargea o vovo dele, que eh meu vovo tamem que eh vovo Bita, e um musico danado de bao que era Vinicius de Morais. As hormenage foram assim: primeiro Vinicius. Vinicius. Eta homi que iscrivia bunito. 'Amo-te tanto, meu amor, nao cante o humano coraçao com mais verdade'. 'Era uma casa, muito engraçada...'; segundo era vovo Bita. Entao papai viro papai: Vinicius Expedito. E como papai virou eu, oce e papai quis que eu chamasse Vinicius Augusto, tarveis pra hormernargear papai, vovo Bita e Vinicius de Morais e hormernargear muita outra gente tembein.
Tudo sem acento. Vinicius de Morais, eu, papai...
Guto
18/04/2010
Nossa arbritagem!
10/03/2010
08/03/2010
07/03/2010
03/03/2010
FW: a ültima do filhote Guguto
Subject: a ültima do filhote Guguto
From: "Vinicius Expedito Martins" <viniciusexpeditomartins@gmail.com>
Date: 03/03/2010 21:25
A última meia hora do Jornal da CBN quase nunca perco... todos os dias de manhã, entre 7 e meia e 8 hs... acontecem os comentários de Mauro Halfeld, Lúcia Hipólito, Arnaldo Jabor e outros, apresentados por Heraldo Barbeiro. O comentário de Jabor de hoje foi sensacional.
"O tempo das pesquisas inúteis". "Estamos no tempo das pesquisas inúteis" disse Jabor, como se antes não existissem ingleses e suecos pesquisando inutilidades sobre tudo.
"Pesquisaram os motivos dos insucessos dos casamentos", de novo disse Jabor. Cinquenta por cento dos casamentos não dão certo, segundo o cineasta:
- uma parte porque as mulheres falates não entendem o segredo de os homens conseguirem se reunir numa mesa, falar de futebol, sinuca, jogarem truco e não falarem quase nada;
- outra parte porque os ões acontecem: Ricardões, carrões, cartões, SS (sexo tal como sessentões) e outros ões e ães, questães de opiniães;
- outra severa parte do fracasso dos casamentos devido aos HSV - grande gargalhada de Guto nessa hora! - Homens Sem Vergonha (HSV), "procuram ficar fora de casa porque não aguentam o sexo sessentão" (fala de Jabor); e fala de Guto, após grandes gargalhadas: "um homem sério desse falando isso?!".
E ponto.
26/02/2010
A historia de Lily Braun
Como num romance
O homem de meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom
Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de close em close
Fui perdendo a pose
E até sorri, feliz
E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão foi desde então
Ficando flou
Como no cinema
Me mandava às vezes
Uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu, feito uma gema
Me desmilinguindo toda
Ao som do blues
Abusou do scotch
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris
E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Numa turnê
Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar
Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz
14/02/2010
13/02/2010
Será que adianta prender só o governador?
03/02/2010
memória 3: a memória semântica
Semântica como?
Como no significado da palavra semântica: uma associação de conceitos que permite um conceito maior, um significado. Por isso vemos os livros de línguas cheios de figuras. Ao ver uma caneta no livro, lemos a palavra pen e ouvimos alguém dizendo "pen". Estamos usando mais de um órgão dos sentidos para entender e memorizar a palavra. O seu significado será formado pelo seu som, sua imagem, suas letras. Assim memorizaremos a palavra de uma maneira mais completa, mais fácil de ser reconhecida. Se ouvimos repetidamente uma língua e a treinamos, por exemplo, os órgãos trabalharão para formar um conjunto - uma semântica - que englobará o som, a imagem, o local, etc. Ou seja, ao ouvir algo não memorizaremos somente pela audição, mas também pelo lugar que ouvimos, como nos sentíamos ao ouvir e por aí vai...
Resumindo... a memória semântica é uma espécie de associação de memórias de vários tipos, que nos permitem compor o significado de algo...
Em outro exemplo: geralmente nos lembramos onde estávamos quando presenciamos um evento marcante. Isso ocorre porque associamos as emoções que sentimos ao local onde estamos e isso é memorizado em conjunto...
31/01/2010
3: pequeno glossário de memória
Memória longa ou duradoura: como o nome já sugere, é a memória armazenada por períodos mais longos e de forma mais fixa. O principal local do cérebro responsável por essa função é o chamado córtex pré-frontal.
Memória anterógrada
Memória retrógrada...
Memória semântica
Sensorial
Operativa
Aquisição
Memória declarativa (explícita): grosso modo, seria saber que algo se deu. Ex: lembrar nomes, números, imagens, etc. É uma memória consciente.
Memória não-declarativa (implícita): como isto se deu. Ex: andar de bicicleta, caminhar. É uma memória insconsciente.
Consolidação ou fixação
Evocação
Hipomnésia anterógrada
Hipomnésia retrógrada
memória 2...
Para facilitar o entendimento da memória, vamos dividi-la entre uma curta, que dura de poucos segundos a minutos, a uma memória chamada longa ou duradoura que geralmente persiste. Fisiologicamente, a diferença básica entre as duas, é que a memória curta ocorre especialmente através de modificações elétricas e incrementos da liberação de neurotransmissores em sinapses já formadas; a memória longa se baseia em criações de novas sinapses, aumento da interação entre neurônios pelo crescimento neuronal, produção de proteínas e outras alterações mais duradouras. Essas duas formas de memória são um exemplo da chamada plasticidade neuronal, em que os neurônios alteram sua forma e funcionamento para produzir memória.
Vamos complicar um pouco mais... rsrs Aliás, tentar descomplicar...
Quero me deter na plasticidade. Muito tem sido estudado sobre plasticidade de neurônios através do modelo de um molusco marinho de nome científico Aplysia californica.
30/01/2010
Hic et nunc est Elvire
de azul inimundo viceja outro frescor.
(O mesmo frescor de azul só me comove,
quando é de mar, canto de ave e me envolve.)
E por azuis e outras belas cores,
já me vi perpassado por odor de amores.
E de odores perpassado, envolve-me a luz de azul. À cor sou dado.
Lá havia, outrora, alvura. E eu, sobre amor, ouvi: "Sem cura!"
(Vi, ouvi, senti. Estarreci perante a fala que de azul teci.)
Imaculada alvura que teci. E azul de amores já nasci.
(Rampante odor azul do mar e céu. Pujante andar azul do carrossel.)
A noite - finita sem azul - à toa. O dia de odores de azul alegre ecoa.
Ó alma da beleza! Ó lua!
Estende-me tua mão! "Eu quero a sua."
(Não aqueça o tolo amor com saudade.
Sequer o nutra de maldade.)
Canta que a sorte é madura!
Brilha de azul, tosca alvura!
Hic et nunc est estrelatus!
Hic et nunc est azulatus!
27/01/2010
a memória e as alterações de memória 1...
Diversos fatores alteram a memória. Muito transtorno e incômodo pode ocorrer para quem sente alterações no memorizar. Pode-se entender a personalidade, por exemplo, como um conjunto de lembraças, aprendizados ao longo da vida que nos permitem comportar desse ou daquele modo. Em um aspecto ainda mais amplo, a memória significaria o ponto chave do psiquismo, visto que inicia-se precocemente e precisa funcionar ao longo de nossa vida toda.
Como a memória funciona é um dos assuntos mais desconhecidos da medicina, embora muito já se saiba. Conhece-se pontos específicos de armazenamento de memória no cérebro e como ela se "movimenta" pelo sistema nervoso. Conhece-se também, relativamente bem, como certas doenças produzem alterações de memória...
15/01/2010
recebi esse e-mail há pouco, não sei o autor...
cada palavra que dizia...
- É... das invenção dos homi, a que mais tem sintido é o abraço. O abraço
num tem jeito di um só aproveitá! Tudo quanto é gente, no abraço, participa
uma beradinha... Quandu ocê tá danado de sodade, o abraço de arguém ti
alivia.. Quandu ocê tá cum muita reiva,vem um, te abraça e ocê fica até sem
graça de continuá cum reiva... Si ocê tá feliz e abraça arguém, esse arguém
pega um poquim da sua alegria...
Si arguém tá duente, quandu ocê abraça ele, ele começa a miorá, i ocê miora
junto tamém...
Muita gente importante e letrado já tentô dá um jeito de sabê purquê qui é,
qui o abraço tem tanta tequilonogia, mas ninguém inda discubriu...
Mas, iêu sei! Foi um ispirto bão de Deus qui mi contô... Iêu vô contá
procêis u qui foi quel mi falô:
- O abraço é bão pur causa do Coração...
Quandu ocê abraça arguém, fais massarge no coração!...
I o coração do ôtro é massargiado tamém!
Mas num é só isso, não... Aqui tá a chave do maió segredo de tudo:
- É qui, quandu nois abraça arguém, nóis fica cum dois coração no peito!
INTONCE... UM ABRAÇU PRÔ CÊ !!!!"