Vinicius Expedito

Rua Prof. Alberto Pacheco, 125/701, Viçosa-MG
Avenida Sant' Anna, 53, Jequeri-MG

17/07/2010

Entre Jequeri e Viçosa, ora bolas

Bom, quase ninguém sabe onde nasci ao certo, mas quase todos sabem que foi de mamãe.

Quase nunca necessitei dela, mas muito necessitei nas intermináveis ligações para aquele lugarejo onde ela morava, sentado na escada na casa de titia, adorando o quentinho e pensando se deveria ficar lá ou sair.O certo, ao certo, foi que as ligações continuaram durante aqueles foi conspíquo o período em que morei na perececa.

O certo, se se sabe o certo, é que o caminho Viçosa-Jequeri, Jequeri-Viçosa por centenas de vezes se fez. Eu com aquela mochilinha cheia de roupa para mamãe lavar, seguindo de carona ou ônibus, de certo, esperto. Eu para lá, mamãe, para cá. Decerto espertos.

De onde pra onde?

Ninguém sabe ao certo.

Incerto, o certo – se se sabe o certo – é que decerto, o caminho é incerto.

Né certo?

No Coluni estudei minhas segundas letras, mas as terceiras e as quartas letras eu aprendi fora do Coluni mesmo, especial e carinhosamente guardadas no meu coração as terceiras letras que aprendi no truco e na sinuca do DCE e as quartas letras que todos aprendem no Bar do Leão.

O certo, se se sabe certo, é que, esperto, poupei letras ao estudar as matérias respectivamente, sabe-se certo, no DCE e no Leão. O certo mais certo, é que, que e quês ensinava a professora Marly inquestionável e carinhosamente bem – e quês e porquês da última flor do Lácio também, inculta, é certo. Continuam-se estudandos esses quês e praquês desses lá. Né certo?

A volta do poeta

Poeta,

que poemas novos foste buscar?
Que buscas incertas foste empreender por amor?
Que amores fortes foste encontrar?


Amor,

que novos poetas foste encantar?
Que encantos aos mares foste levar?
Que levantes, em si, foste engendrar?

Minha preferida poesia

Canção amiga


Eu preparo uma canção

em que minha mãe se reconheça,

todas as mães se reconheçam,

e que fale como dois olhos.



Caminho por uma rua

que passa em muitos países.

Se não me vêem, eu vejo

e saúdo velhos amigos.



Eu distribuo um segredo

como quem ama ou sorri.

No jeito mais natural

dois carinhos se procuram.



Minha vida, nossas vidas

formam um só diamante.

Aprendi novas palavras

e tornei outras mais belas.



Eu preparo uma canção

que faça acordar os homens

e adormecer as crianças.

Carlos Drummond de Andrade



Vinicius Expedito Martins
Médico Psiquiatra - Psicoterapeuta
Rua do Ouro 104 sala 701 - Serra - Belo Horizonte
2551 9449 - 8897 3517
viniciuspsiq@gmail.com
skype: viniciusemg

Ora bolas, ora carolas...

Olá caros colegas-futuros-psiquiatras do Brasil e do Paraná:

Vozes me fizeram acreditar no seguinte:

Não concordo com o termo doença mental, e diria que meus motivos são vários e variados, práticos e filosóficos.

Venhamos ao caso, estimulemos as discussões. Viajemos:

Desde o passado, nunca foi possível formular um conceito de doença psiquiátrica que satisfizesse a gregos e troianos. Isso tanto parece verdade, que tão recentemente quanto cem anos atrás, não era possível fazer clara distinção entre os neurologistas e os psicologistas. Para dizer melhor, todos se imaginavam neurologistas e, consequentemente, biologicistas. Ao se imiscuírem no estudo da anatomia, histologia e outras moléculas mais que pudessem compor o cérebro e o sistema nervoso, muitos cientistas provavelmente se frustraram ao se depararem com a insomne realidade de que a doença da psique não era detectável nos cérebros formolizados. Vale lembrar que Freud, Breuer e outros nomes mais, foram, em primeira instância, professores de fisiologia.

Ora bolas, ora carolas, tadinhos de nós. Cem anos, milhardões de artigos, livros, teses e outras ruminações depois, não me atreveria dizer que não caminhamos, tampouco que estamos na estaca zero. Mas afirmaria com tenaz alegria que pouco mais conhecemos da psiquiatria do que todos os que nos precederam e ensinaram.

“Coitado do Vinícius, pirou de vez, vamos ajudá-lo.” Diriam todos.

E eu aceitaria a minha internação voluntária no Raul, depois de dizer o que disse, não fossem minhas severas - quiçá ininfluenciáveis – convicções.

Ora bolas, ora carolas, voltemos ao caso, estimulemos as divagações:

É possível afirmar que um ser humano tem uma doença mental, num contexto em que não conhecemos sua causa, não conseguimos prever seu curso e sua evolução, usamos medicamentos meramente sintomáticos e não temos poderes para evitá-la? E mais, para diagnosticá-la, usamos manuais de psiquiatria em que “critério” é o termo mais freqüente, a palavra-chave. Como que para marcar X: cinco xizes: esquizofrênico; três: delirante; um: transtorno de personalidade. Ao invés disso, deveríamos estar lendo nos tratados de psiquiatria: “Esquizofrenia: lesão reversível dos núcleos da base do cérebro provocada por excesso de produção de 2-oxi-3-butiro-tironina, ocasionada por uma mutação no gen fulano de tal. A cura é obtida com algumas semanas de uso de... “

Ora bolas, ora carolas, saiamos do caso, livremo-nos das divagações.

“Levem o Vinícius no Raul! Tomem a chave dele!” .