Vinicius Expedito

Rua Prof. Alberto Pacheco, 125/701, Viçosa-MG
Avenida Sant' Anna, 53, Jequeri-MG

11/11/2012

Viva! A Força dos Guaikurus




Sempre considerei leitura obrigatória o livro O Povo Brasileiro de Darcy Ribeiro. Como o maior indigenista do mundo, Darcy descreve, em um capítulo fantástico, os índios guerreiros, que do século XVI ao XIX anexaram territórios ao Brasil e não deram chance sequer a quem imaginava pudesse sobrepujá-los. Eram divididos em duas fronteiras linguísticas principais: os Mbayá-Guaikuru e os Payaguá-Guaikuru. Quando a América do sul foi invadida pelos espanhóis e portugueses, os espanhóis logo se viram diante dos índios guerreiros altos, fortes, que dominaram seus cavalos e executavam estratégias de guerra eficazes e totalmente desconhecidas. Entre 1500 e 1720, a luta se "centralizou" nos territórios hoje compreendidos pelo Paraguai e Mato Grosso. O espanhois desejavam o Pantanal e, em conjunto com a Inglaterra queriam estender o território hispânico ao Atlântico. Esbarraram com a etnia Guaikuru que se manteve soberba e gloriosa em seu território invadido. A partir de 1720, os primeiros bandeirantes e entrantes começaram a chegar aos territórios do oeste mineiro e paulista, Goiás, amazônicos do sul e Pantanal. Depararam-se com a mesma força belicosa. Não conseguiram invadir o "reino natural" dos guaikurus brasileiros. Apenas por volta de 1810, assinou-se um tratado de paz. O atual território paraguaio não foi "incorporado" ao Brasil, porque os guaikuru da margem oeste do Rio Paraná eram de linguística Payaguá-Guarani que cederam aos espanhóis e sofreram com o massacre da Guerra do Paraguai nas décadas seguintes. O tratado de paz - só conseguido por se reger pelos Guaikuru - legou ao Brasil os extensos territórios citados, que não foram conquistados por "bravos" bandeirantes bichos-homens-europeus, mas por brasileiros genuínos: Mbayá-Payaguá-Guaikurus. Viva!