Vinicius Expedito

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05/12/2015

um dos dramas, o do "bem dotado" que não existe

          Não há a receita do aprender, da mesma forma que não existe o gênio. O gênio goleiro Taffarel, por exemplo, poderia ser reproduzido em um menino que tivesse suas proporções, visse seus vídeos, treinasse nos mesmos campos, etc? Os feitos do goleiro do tetra apenas se revelariam no próprio Cláudio Taffarel, por sua essência, singularidade... O seu "gênio" se formou pela união de diversas coisas: genética, essência, aprendizado, afeto, persistência, volição. Assim, por consequência, se falássemos do goleiro Taffarel poderia-se dizer que ele foi bem dotado de talento, genética, persistêcia, correção de erros, dificuldades. Desnecessário dizer que a isso excluem-se valores morais, não passíveis de ser bem ou mal dotados.
            A genialidade existe, mas ela precisa ser descoberta.
            Do simples para o complexo:
            "Júlia! Pique as coisas para o almoço pra mim que eu volto já!"
            Algum tempo depois, sua mãe volta e o almoço para elas está pronto...
            A "genialidade" de Júlia, poderia estar expressada aqui por ela ter observado sua mãe cozinhar e, ao perceber a demora por um pneu furado, cozinhou. Por precisar ir à escola, por já gostar daquilo antes da mãe pedir... É óbvio que não estamos falando de ensino em si, mas de uma capacidade de adaptação, peculiar aos homens, homo sapiens.
             Independentemente se estivermos nos referindo a construtivismo, educação, aprendizado de línguas, Paulo Freire + Piaget. Juntamos as duas situações. Estamos convencidos de que Taffarel não poderia ser produzido novamente? E de que Júlia, de 13 anos, poderia vencer o MasterChef??
             Literalmente, ambos se produziram. Uma capacidade montada sobre liberdade e gosto e... Tempo! Sem fórmula de ensinar e cada um por cada um.
             Pergunta: os computadores aprendem? kkkk

             (cenas do próximo capítulo...)

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04/12/2015

Filhos dos filhos - COLUNI 20 anos DEPOIS

          Por outra sugestão de Poliane Alfenas, tenho o terceiro post à tradicional. (Ela e outros amigos me cobram e lêem). Familia Kanadani também, sempre inspiração.
          Poliane me propõem um texto sobre aprendizado e fases que, só pude dizer pra minha secretária que eu iria escrever sem pesquisar e diria porquê.
          Pela sedimentação do conhecimento de Paulo Freire e Piaget.
          O extenso conhecimento de cultura europeia, sua formação acadêmica ampla e muito dedicada à observação, incluindo seus filhos... Cinquenta livros. Um milhar de artigos. Sua observação de que o aprendizado e a organização da motricidade cumprem uma sequência, natural, fato. Quando mais maduro, conviveu com Jung, Bleuler, Schneider, em Heidelberg. Sua análise dessa "sequência do aprendizado e do aprendizado em sequencia" permitiu produzir conceitos computacionais nos anos 80!...
         Paulo Freire. O aprendizado pela dialética: você faz fazendo, então você só aprende fazendo, fazendo diferente, testando, e ainda fazendo outras descobertas. 41 Honoris causa, incluindo Cambridge e Oxford.
          Exemplo: seu bebê já sabe brincar de macinha. Aprendeu a fazer uma bolinha e agora está fazendo uma figura geométrica estranha. Não interrompa. O Piaget disse que ele está tentando fazer o cubo e vai conseguir. Se ele pedir uma pequena ajuda, ofereça e observe... Da próxima vez ele vai tentar outra coisa. Se desistir do cubo, não insista nem o afaste... Lembram do prazer? Se você interferir, poderá interromper o prazer e esse brincar não serve...
           A maneira construtivista, simples, Paulo Freire de ser, por vezes criticada. Naquela escola que pouco aderiru à ideia de fazer fazendo, viver vivendo. Material inadequado, cores "pastéis"; por vezes professores nada menos. Nem Paulo freire, nem Piaget no pensamento.
               Sei lá!
 

02/12/2015

Linguística e línguas - COLUNI 20 anos DEPOIS

"Minecraft, Outback, Dragon Ball Z, Master Chef, Weimeraner, Pitbull, Miami, Real Marid, Sport, Bahia, moutain bike."
       Dr. Vinicius,      
       "a minha menininha do meio tá repetindo o que o irmão mais velho faz, no caderninho dela e na aula também... Fica falando os sons e cantando..." O que eu faço?
        - Nada. Se isso não estiver atrapalhando a aula dela, nada! Se tiver, apenas converse, geralmente é uma questão de repetir o comportamento simplesmente, e isso vai parar. O melhor de tudo é que está ocorrendo aquele fenômeno de poda: num dia ela sabe o que é Sport, no outro aprende a palavra esporte na aula e memoriza, semanticamente "ESPORTE". É o que importa. 
        Mesmo que ainda não estejam na escola de inglês, que ainda não sejam alfabetizados sequer ou, ainda que apenas vejam televisão ou ouçam seus irmãos maiores conversar, nossos pequerruchos já lidam com palavras de outro idioma o tempo todo! Isto é aquisicão do nosso arsenal de vivências através de um sem número de formas. 
        Os nada rapazes de 11 anos - inclusive Vinicius Augusto - são capazes de escrever e falar bem uma frase em outro idioma! Nosso menorzinho de 1 e meio pode ouvir essas palavras em várias línguas, em vários canais de outros países e, se o som não faz sentido agora é certo que poderá ou não fazer depois. Estará aí ainda na nossa memória numa área neuronal que não sofreu poda. O uso dessas informações dependerá de para quê nos treinamos... Se nossa profissão exigir o uso de várias línguas, decerto deverá compor de maneira forte nossa cultura, nosso conhecimento, nossa capacidade profissional e daí em diante.
        Aquela história do diplomata... se o objetivo da criança e do adulto foi ou será construir uma carreira diplomática, ele pode começar em qualquer profissão e se dedicar a cultura como um todo, ou seja toda forma de adquirir e executar o conhecimento é bem-vinda. As línguas ocupam um lugar primordial então.
       Uma experiência clínica importante, na verdade, um problema grave, é de uma brasileira, não descedente de estrangeiros que foi "escolarizada" na Cultura Americana e Espanhola ao receber 2 idiomas muito precocemente. O prejuízo afetivo dela foi muito grande e exigiu tratamento. Teve muita dificuldade de fazer amigas brasileiras. Ficou muito tempo fazendo cursos fora do país. Tinha crise de pânico quando viajava para fora do Brasil nas viagens de volta.

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01/12/2015

As dúvidas de Poliane Alfenas Coluni 20 Anos Depois

No encontro de 10 anos da nossa turma, eu quase quase psiquiatra, no célebre anfiteatro que nos ensinou, testemunhei que a maior característica do COLUNI era ser de concreto. DEZ anos depois rsrs , ou seja, perto do encontro de VINTE ANOS, minha grande amiga Poliane Alfenas me pergunta e sugere um tema pro blog... 
"quando eu devo matricular meus filhos nas escolinhas?" (inglês, judô, música, outras linguas...?) 
E olha que pergunta pertinente?! Ela tem três?! 😳😳😳

As atividades infantis, principalmente nos primeiros 6 anos "logo depois do útero", devem ser sobretudo prazerosas, já que no útero são prazerosas o tempo todo. A partir dos primeiros momentos após o nascimento, do ponto de vista neuronal, a criança sofre um processo de "poda", em que conexões que não serão utilizadas durante a vida, simplesmente desaparecem. Esse processo é natural, não pode ser influenciado, e se não ocorre corretamente, decorre o retardo mental. Do ponto de vista afetivo, começamos a entender o tema de Poliane. 

O aprendizado prazeroso, cordial, com um grau de liberdade satisfatório para a criança, vezes lembrando o útero, mas se apegando ao mundo real. Vou explicar, exemplificando com o aprendizado de línguas.

Há pelo menos uma década neuroscientistas sabem bem que o aprendizado de linguas pode ser falicitado já a partir de poucos meses de idade. A memorização, entendimento, escrita de outras línguas é muito mais fácil quando se conhece os sons e palavras de outra e assim por diante... A escuta de língua(s) ocorre a partir dos seis meses de idade. A orientação que eu dou na minha clínica é para deixar o bebê por cerca de 30 minutos em dias alternados, de costas para a tv (para não receber luz) em canais estrangeiros. A programação musical é a de preferência. Bom. Estamos falando de um aprendizado inicial, em casa, certo? 

Quanto à escola de línguas, a minha sugestão é a seguinte: se a criança estuda em uma escola de boa qualidade, de tradição, ofereça outro curso, sempre tendo o critério do prazer, não necessariamente de uma segunda língua. Pode ser luta, outro esporte, etc. O critério da segunda língua é se ele sabe bem português. Não vamos pensar também que porque ele aprendeu inglês e espanhol sem sotaque pode ir pro Instituto Rio Branco e Itamarati. Pra ser diplomata podem faltar outras qualidades....


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