Vinicius Expedito

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11/05/2009

Em existencialismo, sobre tempo e jabuticaba...

Olá amigos,
muitos sabem que eu me arrisco nas letras, entre prosa e poesia. Há alguns meses, recebi um texto com o título parecido com o deste, que me soou muito melancólico e pessimista. Resolvi parodiá-lo com um humor diferente. Que tal?

Em existencialismo, sobre tempo e jabuticaba

Contei meus anos. Descobri que não faz diferença pensar em quanto terei pra viver, mas, sim, quanto tempo aproveitarei. A morte é a verdade que todos sabemos e por isso somos iguais. Sinto-me como aquele menino, que colheu na jabuticabeira, um pote de jabuticabas. As primeiras peguei logo, de pronto, da jabuticabeira. Das maiores aproveitei o caroço. Enguli. Para as outras que se penduravam na jabuticabeira, sorri. Sabia que tinha tempo. Limpei-as, mordi. Era bonita a jabuticabeira, tive mais tempo. Colhi o momento de observar as jabuticabas, transcendental - as bonitas e as feias.

Em muitos momentos - trascendentais - já estive de egos inflados. Inclusive do meu. Às jabuticabas, não atribuo egos, sabia que era da sua essência serem bonitas ou feias. Inquietei-me com os que cobiçavam os outros egos. Aplaudi os lugares, os talentos, a sorte. Ocupei-me pelas coisas que eu próprio podia: sorte, talento, momentos. Sei que não mereço dizer o mal dos outros. São eles. Participei, chorei, aplaudi, apaziguei as brigas, embora soubesse que o cargo de secretário-geral do coral não me cabia. Cabia o meu canto, um dos de muitos tenores. Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos. Desejava a essência, o coral, as jabuticabas, as pitangas. Minha alma compadece, entende, solidariza-se. Sem desejar mais jabuticabas, fui à pitangueira. Havia poucas maduras. Esperei uma semana. Voltei lá.

Sei que Deus há em torno de mim, amigo, essencial...

5 comentários:

  1. Vinícius,
    Que beleza a gente pensar na vida, na existência e nos frutos que podemos colher - sejam eles jabuticabas, pitangas,um amor pra envelhecer junto, filhos pra cuidar, trabalho pra engrandecer a alma e saúde pra poder desfrutar tudo isso... Realmente não importa quanto tempo se vive, mas como se vive...
    Parabéns pelo blog!

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  2. Vi,
    Que belezura de texto! A mais pura verdade o conteúdo... e gostei demais da frase: "Meu tempo se tornou escasso para discutir rótulos." Precisamos aprender isso dia-a-dia, para a vida se tornar mais prazerosa...
    Adorei o blog! Um beijo, te amo! Nininha

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  3. 'Descobri que não faz diferença pensar em quanto terei pra viver, mas, sim, quanto tempo aproveitarei ... ' pensar assim , com certeza , nos faz ter mais prazer na vida !

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  4. Esse texto é realmente muito bom, já o disse em outra ocasião! A sabedoria está em apreciar as jabuticabas (ou as pitangas) no tempo delas, às vezes com calma, às vezes rapidamente, mas sempre intensamente.
    Você me ensinou isso! Muito obrigada!
    Parabéns pelo blog!
    Um beijo!

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  5. Excelente seu modo de encarar a vida. Adorei a poesia. Parabéns! Abraço.

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