Vinicius Expedito

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17/07/2010

Ora bolas, ora carolas...

Olá caros colegas-futuros-psiquiatras do Brasil e do Paraná:

Vozes me fizeram acreditar no seguinte:

Não concordo com o termo doença mental, e diria que meus motivos são vários e variados, práticos e filosóficos.

Venhamos ao caso, estimulemos as discussões. Viajemos:

Desde o passado, nunca foi possível formular um conceito de doença psiquiátrica que satisfizesse a gregos e troianos. Isso tanto parece verdade, que tão recentemente quanto cem anos atrás, não era possível fazer clara distinção entre os neurologistas e os psicologistas. Para dizer melhor, todos se imaginavam neurologistas e, consequentemente, biologicistas. Ao se imiscuírem no estudo da anatomia, histologia e outras moléculas mais que pudessem compor o cérebro e o sistema nervoso, muitos cientistas provavelmente se frustraram ao se depararem com a insomne realidade de que a doença da psique não era detectável nos cérebros formolizados. Vale lembrar que Freud, Breuer e outros nomes mais, foram, em primeira instância, professores de fisiologia.

Ora bolas, ora carolas, tadinhos de nós. Cem anos, milhardões de artigos, livros, teses e outras ruminações depois, não me atreveria dizer que não caminhamos, tampouco que estamos na estaca zero. Mas afirmaria com tenaz alegria que pouco mais conhecemos da psiquiatria do que todos os que nos precederam e ensinaram.

“Coitado do Vinícius, pirou de vez, vamos ajudá-lo.” Diriam todos.

E eu aceitaria a minha internação voluntária no Raul, depois de dizer o que disse, não fossem minhas severas - quiçá ininfluenciáveis – convicções.

Ora bolas, ora carolas, voltemos ao caso, estimulemos as divagações:

É possível afirmar que um ser humano tem uma doença mental, num contexto em que não conhecemos sua causa, não conseguimos prever seu curso e sua evolução, usamos medicamentos meramente sintomáticos e não temos poderes para evitá-la? E mais, para diagnosticá-la, usamos manuais de psiquiatria em que “critério” é o termo mais freqüente, a palavra-chave. Como que para marcar X: cinco xizes: esquizofrênico; três: delirante; um: transtorno de personalidade. Ao invés disso, deveríamos estar lendo nos tratados de psiquiatria: “Esquizofrenia: lesão reversível dos núcleos da base do cérebro provocada por excesso de produção de 2-oxi-3-butiro-tironina, ocasionada por uma mutação no gen fulano de tal. A cura é obtida com algumas semanas de uso de... “

Ora bolas, ora carolas, saiamos do caso, livremo-nos das divagações.

“Levem o Vinícius no Raul! Tomem a chave dele!” .

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